o genial Saviola por Domingos Amaral....


Se alguém merecia ressuscitar para o futebol, esse alguém eras tu. Um
pequeno génio nos relvados argentinos, quando chegaste à Europa a tua carreira
entrou rapidamente e inesperadamente em plano inclinado. Não ser feliz nem em
Barcelona nem em Madrid, em dois dos maiores clubes do mundo, é raro e para
muitos podia ter sido fatal.

Não para ti. As falhas foram apenas um ocaso prematuro, um apagamento
ditado pelas circunstâncias mas sem ter amputado o imenso talento que sempre
tiveste. Quando a tua vida recomeçou no Benfica, logo se viu que a arte e a
eficácia estavam, como sempre estiveram, nos teus pés. A vida é mesmo assim: não
se é feliz sempre, nem se é feliz quando se quer, é-se feliz quando se pode. E
no Benfica, tu podes ser feliz.

Encontraste um treinador que precisa de alguém como tu, uma equipa onde te
encaixas na perfeição, e colegas que não têm egos insuportáveis de aturar. E
claro, o génio começou a sair da lâmpada. Desde o início, desde o primeiro dia
que te vi com a camisola do Benfica ao peito, suspeitei que ia assistir a coisas
que há muito não via na Luz. Os túneis, as mudanças de velocidade, as corridas a
cair para os flancos, as tabelinhas, os arranques nos limites do fora-de-jogo, e
a colocação sempre inteligente nos cantos e nos livres, matreiro e à
espreita.

O resultado está à vista: voltaram os teus grandes momentos, com golos
fundamentais e pormenores só à altura de um fora de série. A época ainda só vai
a meio e já te devemos tanto...

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