O meu reconhecimento


"Não fui ganhar muito mais do que no Boavista. Tinha acabado de nascer o meu segundo filho, houve a mudança, levei a família, esperava ir ganhar isto e aquilo mas depois não se concretizou. Tinha de pagar casa alugada, foi quase como se fosse ganhar o mesmo. Só aos 30 anos consegui renovar contrato, aos 31 acabei por ir embora."
"Apareciam jogadores que ganhavam muito mais do que eu e nunca tinham jogado em lado nenhum. Eu, que era internacional pelo meu país, titular e sub-capitão do Benfica, jogava sempre e não via o meu salário ser aumentado. Fiquei triste, até porque também tinha tido a oportunidade de sair para outros clubes. Surgiu o Colónia e fiz pressing para sair, para salvaguardar a minha vida."
"Eu queria acabar no Benfica mas também queria ser reconhecido e retribuído por todos os sacrifícios que fiz ao longo dos anos. Acabei por sair e a verdade é que isto aqui é uma maravilha, apesar do Inverno, apesar de às vezes treinarmos com neve até aos joelhos."
As palavras são de Petit, agora jogador do Colónia, numa excelente entrevista ao diário i. Entristece-me ver que uma antiga referência do clube, uma espécie de glória dos tempos modernos, foi tratada desta forma por quem comanda o Benfica. Compreendo agora, mais do que nunca, o sabor amargo que a sua - na altura, incompreensível - saída deixou na boca de muitos benfiquistas.
Lembro-me de ler um texto que alertava para o desmembramento do plantel e para a falta que este internacional nos fez durante a época passada. Nada mais acertado. Petit é um jogador cujos valores e mentalidade representam tudo o que os adeptos mais fervorosos do Benfica podem exigir a um jogador. É, ainda hoje, uma pessoa extremamente humilde, que teria perfeitamente lugar na estrutura actual deste plantel.
Só um reparo, Petit: há algo de que nunca não te poderás queixar. Os adeptos sempre retribuíram o teu esforço com muito carinho. Fica aqui, também, expresso o meu agradecimento. E quanto aos que, por alturas das eleições, duvidaram das boas intenções do rapaz.

Sem comentários:

Enviar um comentário