O grito de César Peixoto
ESTREIA NA LIGA FOI HÁ NOVE ANOS
 
“O César Peixoto foi um achado!” Marinho Peres, treinador brasileiro com grande ligação a Portugal, em especial ao Belenenses, recorda como se fosse hoje a estreia do esquerdino na Liga. Ou melhor: como, sem esforço, resolveu um problema no plantel azul. “Não tinha um esquerdino”, conta.
 
Em 2001/02, logo no arranque do campeonato, o Belenenses foi jogar a Paços de Ferreira, onde perdeu por 3-1. No final do jogo, um jovem futebolista de 21 anos, que fizera toda a carreira na zona de Guimarães, na formação e na então 2.ª Divisão, mas que já havia sido sugerido, juntou-se ao plantel do Restelo. Não tardou a convencer Marinho Peres.
 
“O que mais impressiona nele é o remate forte. E nem precisa de tomar balanço!”, observa o técnico, de 63 anos. “Perguntei-lhe onde jogava. Ele disse-me que na esquerda. ‘Consigo defender e atacar’”, acrescenta.
 
Daí à estreia foi um passo. A 23 de setembro de 2001, o Benfica visitou o Belenenses, em encontro a contar para a 6.ª jornada. A 26 minutos do final da partida, com as águias em vantagem, o técnico lançou César Peixoto, tirando Neca. Três minutos depois da entrada do minhoto, Marcão assinaria o golo que ditou o resultado final (1-1).
 
Extensão do treinador
 
Hoje, completam-se nove anos da estreia na alta-roda do futebol português. Foi como um “grito” de emancipação, cujos ecos ainda se ouvem. Após um trajeto recheado de sucessos (é o único jogador dos encarnados que sabe o que é vencer a Liga dos Campeões), o esquerdino celebra a efeméride com o lugar no onze benfiquista resgatado.
 
Lançado por Jorge Jesus no dérbi, a sua ação seria elogiada pelo treinador que, em 2009, patrocinou a sua transferência de Braga para a Benfica, onde conquistaria o quarto título de campeão nacional. Isto porque a combinação Peixoto-Coentrão resultou na anulação de João Pereira.
 
A adaptação às funções de lateral é, de resto, algo que não surpreende Marinho Peres. “Na minha época de jogador, havia extremos, pontas. Jogadores como Simões ou Garrincha acabaram. Já não existem aqueles extremos egoístas, fixos. Hoje, quem joga na direita ou na esquerda também se adapta ao meio-campo, conforme o adversário. Ele tem essa capacidade. Quando quiser segurar a vantagem, o treinador pode sempre adiantá-lo e fechar o meio-campo.”
 
Aos 30 anos, César Peixoto é elemento da confiança de Jesus, cujo percurso comum se iniciou em Braga e continuou na Luz. Nem sempre compreendido pelos adeptos, que por vezes não poupam assobios, o camisola 25, que soma 138 jogos e 22 golos na Liga, é daqueles jogadores que os treinadores não dispensam.
 
“Enquanto trabalhou comigo, sempre se cuidou de forma coerente fora de campo. Era uma referência para o grupo. Quando transmitia uma mensagem, ele passava-a para o grupo. Era uma extensão do treinador, porque tinha cultura”, sublinha Marinho Peres.
 
Hoje no Brasil, o técnico garante que, mesmo à distância, continua a acompanhar a carreira do jogador que lançou há nove anos. E a terminar deixa-lhe um pedido: “Que marque um golos e faça um M... de Marinho.”

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